Os agentes da Polícia Civil do Paraná e da Vigilância Sanitária apreenderam produtos injetáveis sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e fenol na clínica de um esteticista, investigada por aplicar o procedimento em uma paciente, de 64 anos, em Curitiba, Paraná.
A ação foi realizada na manhã desta quinta-feira (13). A profissional é investigada por lesão corporal, exercício ilegal da medicina e uso de produto falsificado destinado a fins terapêuticos ou medicinais após cliente ter queimaduras de segundo e terceiro grau durante procedimento invasivo.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Aline Manzatto, conforme prevê o Conselho Federal de Medicina (CFM), a profissional não poderia aplicar ‘peeling de fenol’ em pacientes. Segundo o CFM, somente médicos, preferencialmente especialistas em dermatologistas ou cirurgias plásticas, podem aplicar o químico em pacientes.
Além de produtos sem a certificação da Anvisa, os policiais identificaram várias ampolas de ácido hialurônico vencidas. "As ampolas contendo o fenol, para a nossa surpresa, eram manipuladas por uma dentista de São Paulo que receitava esse produto", comenta a delegada Aline Manzatto.
Ainda segundo as investigações da Polícia Civil, a dentista solicitava a manipulação do químico em uma farmácia paulista como se a aplicação fosse feita na esteticista. Os produtos, no entanto, eram aplicados nos clientes da esteticista.
No Brasil, 10 mil procedimentos ilegais foram feitos entre 2012 e 2023
Levantamento realizado pelo CFM mostra que no período de 2012 a 2023 foram registrados no Brasil cerca de 10 mil boletins de ocorrência e processos judiciais cuja motivação foi o crime de exercício ilegal da medicina. O estudo levou em conta números oficiais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e das Polícias Civis de 22 estados.
"Muitos desses casos implicaram em prejuízos financeiros, danos morais, sequelas (de diferentes níveis) e até mortes de pacientes atendidos por profissionais sem formação médica", constata a federação.
O crime de exercício ilegal da medicina envolve, entre outras práticas, a realização de procedimentos invasivos (diagnósticos, terapêuticos ou estéticos) caracterizados por inserções ou aplicações de substâncias que transpassam as camadas superficiais da pele, exigindo dos seus executores adequada capacitação técnica oferecida apenas aos graduados em medicina, o que reduz significativamente as chances de exposição dos pacientes a efeitos deletérios.
Redação Catve.com